quinta-feira, setembro 20, 2012

Três poemas de Francisco Carlos Machado


        
                   XII

Este livro de capa preta,
antologicamente organizado em versos
dos mais diferentes estilos,
me leva para dentro de mim,
e sempre na experiência de lê-lo
encontro minha alma e o meu coração.
Nele bilhões de leitores sabem que
a verdade máxima é simples
e fora puramente revelada,
sendo possível ouvir a voz de Deus nos desertos,
nos cumes dos montes,
e no mais profundo íntimo dos homens.

É certo que a mitologia grega,
todas as crenças remotas
e a esperança messiânica dos judeus
e de outros povos, nele se materializou
em um carpinteiro que não tinha onde declinar
a cabeça, amava as crianças, as prostitutas
e os pecadores pobres e ricos,
no qual andando com eles interagia e os fazia sorrir.
E tudo demonstra que realmente ele é o Cara
que todas as civilizações dispersas de Babel sonhavam.

Este livro de capa preta é o mais bonito,
e o mais perigoso da história.
O clássico que fez surgir santos,
e também alimentou confusão e loucura,
na mente de muitos que no folhear de suas páginas
nada entendem e jamais entenderão suas linhas.
Devido a isso as piores guerras estrondaram,
derramando sangue de inocentes
e de exércitos de ignorantes.

Ele é o outro pão que diariamente me alimenta
nas escuridões e nos dias claros da existência.


                      XIII

A estrela da manhã aproxima-se.
Há pesar abundante na atmosfera,
e nos insones olhos meus.
O silêncio sensível, a escuridão de outrora,
se esvaem, abeira-se a aurora.

Não se ouve mais grilos e caninos,
somente operetas de galos e galinhas,
nos poleiros tênues dos quintais vizinhos.
           E do jambeiro, alvoradas de pardais.

“Ainda nem se fez manhã.
Eis-me aqui a Te buscar.
Sem ti a vida é vã,
sem razão passará”.

E primeiras lágrimas rompem,
em emocionantes canções matinais.
O sobrenatural passa a ser real.



      Na Hora Marcada

O último raiar do sol ilumina
toda a montanha atrás da Igreja.
E ressoam leves badaladas de sinos.

Defronte da sua casa,
sentada numa cadeira de balanço,
uma velha amiga olha a cena
encontrando alento.

No alto da outra montanha,
meninos alpinistas caçando o pôr- do- sol,
gritam para outros embaixo,
no vale sem gramínea.

E em seu quarto semi-escuro
o poeta em oração.
Ele fala para Deus de amigos,
de incompreensões expressadas,
que desejam tornar o poeta
cubo de gelo em sol pino.


Um comentário:

Francisco Carlos Machado disse...

Obrigado amigo Sammis pela publicação em seu blog.

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