quarta-feira, novembro 04, 2009

Dois poemas de Jonathas Braga

*


No Mar da Galiléia

...quem é Este que até o vento e o mar lhe obedecem? Marcos 4.11

Naquela tarde rósea o doce Nazareno,
vibrando as cordas da alma em divina epopéia,
no barco atravessara esse espelho sereno,
que é o sempre encantador lago da Galiléia.

A noite vinha perto... E logo passaria
o crepúsculo suave em que a tarde expirava,
que, depois do rumor estafante do dia,
Jesus, todo bondade, ao pouso regressava.

E por isso ordenara àqueles que O seguiam
que fizessem ao largo o barco pequenino,
enquanto as multidões olhavam e sorriam,
relembrando talvez o seu último ensino...

Começou a descer a mortalha da noite,
qual enorme fantasma a assomar no infinito.
O vento estava quieto e das vagas o açoite
era, na meia-luz, um quereloso grito.

Depois... rapidamente as ondas se eriçavam,
vomitando pavor dos abismos profundos,
enquanto no barquinho os homens pelejavam
contra a fúria mendaz dos ventos iracundos.

Mas a procela erguia a crina espumejante
e sobre a embarcação, uivando, se lançava
sem reparar que, alheio a tão sinistro instante,
num recanto da popa, o Mestre repousava.

Os discípulos, então, lutando sem proveito
contra o imenso revés de um desespero forte,
buscaram a Jesus no improvisado leito,
tão perto lhes estava a regougar a morte!

- Senhor, não se te dá que todos pereçamos
diante do temporal que contra o barco estruge?
Não vês com que bravura as vagas enfrentamos
e ainda o mar se encrespa e o vento açoita e ruge?

O Mestre levantou-se: o seu semblante augusto
refletia o clarão da suprema bondade
e, Ele, cheio da glória e do poder de um justo,
os ventos repreendeu e o mar e a tempestade.

O amor ficou tranqüilo e o vento sussurrava,
enchendo a noite cruel de encanto e de harmonia,
pois o barco em silêncio agora navegava,
conduzido ao sabor da brisa que o impelia.

E eles, inda temendo, entre si perguntavam,
como se descobrir uma razão quisessem:
- Quem é Este que amaina as ondas que bramavam
e a Quem até o mar e os ventos obedecem?

Mas esse bom Jesus que emudecera o vento
e fizera voltar ao lago a doce calma,
Ele transforma em gozo o humano sofrimento
e desfaz para sempre as tempestades da alma.

Do livro O Caminho da Cruz (JUERP Editora, 1968)



Buscar ao Senhor

Deixe o ímpio a estrada longa e duvidosa e siga
a trilha que o conduz com firme segurança,
escute a voz de Deus que o chama, doce e amiga,
e lhe oferece a paz, num mundo de bonança.

Converta-se ao Senhor e seu nome bendiga,
num cântico feliz de profunda confiança,
e seu contentamento aos outros ímpios diga
para que eles também tenham essa esperança.

Pois o Senhor é grande e compassivo e forte
e não deseja que o ímpio experimente a morte,
antes deixe o caminho em que anda errante e vá...

Porque tempos virão em que será buscado
e longe, muito longe, há de ser invocado
mas, depois do clamor, ninguém o encontrará.

Um comentário:

Alex Malta Raposo disse...

Parabéns pela bela proposta do blog.

Muito legal.

Que o Pai continue abençoando a este belíssimo trabalho.

alexmaltta.blogspot.com
Evangelho da Graça

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