terça-feira, abril 17, 2007

Dois poemas de Joanyr de Oliveira

Cantares – VI
(Doxologia)

A tessitura da flor
e a geometria das horas,
e o vôo tranqüilo e a água,
canção na boca da terra.

Linhas velhas da paisagem
de Deus também como o tempo,
sol inaugural e ervas
e os solilóquios do mar.

A navegação dos peixes,
os passos da tarde e as ondas,
bailado leve das nuvens,
palmas em verdes meneios.

A harpa e a clarineta,
os choros às brumas humanas,
rouxinóis a ungir o dia,
alvas palavras da paz.

De Deus a teia dos sonhos,
a harmonia das marés,
o beijo materno, o amor,
do ofendido o silêncio.

A insone cor de meus olhos
em canto fundo e secreto.
Meus púlpitos, minhas fugas
para o mundo das essências



A Oração

A oração é uma senda
- por ela sigo, vou longe.
Com ela toco e até movo
as nobres mãos de meu Deus.

A oração é uma nave
sem casco, timão ou remo.
Mas nada tão alto e célere,
e nada mais poderoso.

A oração: firme voz
remetida ao vero Rei
onde um trono perenal
se ergue mais que glorioso.

A oração é um ligame
singular, sem similares,
sempre pronto a reviver
quem cai no Vale da Morte.

A oração é um cantar
beijado por anjos ledos
a embalar as nossas vidas
nas áureas redes da paz.

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