quinta-feira, março 08, 2007

3 SONETOS CRISTÃOS TRADUZIDOS

Amados leitores, há algum tempo publiquei a Antologia de Poesia Cristã (em língua portuguesa). Foi uma ‘obra de fôlego’, não pelo tamanho, mas pela quantidade de livros que li, sites de literatura que devorei, visitas à Biblioteca Nacional, etc. etc. etc.
Durante a pesquisa, Deus pôs em meu coração o propósito de realizar uma outra seleta, desta vez somente com a poesia cristã de autores estrangeiros (não-lusófonos). Mais uma trabalheira... Mas que me proporciona um grande prazer.
Pois bem, enquanto não ‘tomo coragem’ de mergulhar a fundo nesta nova pesquisa, publico aqui três sonetos, três pequenas obras-primas da literatura cristã e universal, que já encontrei:

A Cristo Crucificado
Autor espanhol desconhecido
Tradução de Manoel Bandeira


Não me move, meu Deus, para querer-te
O céu que me hás um dia prometido:
E nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de ofender-te.

Tu me moves, Senhor, move-me o ver-te
Cravado nessa cruz e escarnecido.
Move-me no teu corpo tão ferido
Ver o suor de agonia que ele verte.

Moves-me ao teu amor de tal maneira,
Que a não haver o céu ainda te amara
E a não haver o inferno te temera.

Nada me tens que dar porque te queira;
Que se o que ouso esperar não esperara,
O mesmo que te quero te quisera.



Do pastor cego que abriu seus olhos a nova vida
Luís Rosales (espanhol)
tradução de Odylo Costa, filho


Senti dizer Belém! e um inseguro
empurrão me arrastou; por um momento
não pude respirar; pálido e lento
palpei de novo o muro, e atrás do muro

por um chifre rocei súbito e duro
e fiquei pasmo; após senti violento
tremor de carne e lábios, movimento
alegre das pessoas e obscuro

doce medo a voltar; fui avançando
e resvalei na palha; já caído
um menino toquei, a quem queria

lhe pedir para ver; me achei olhando,
sentindo-me nascer, recém-nascido
junto ao rosto de Deus que me sorria.



Soneto
Vittoria Colonna (poetisa medieval italiana)
Tradução de Pedro Garcez Ghirardi


Quando me oprime o peso do pecado,
o olhar não ergo ao Criador;
Levanto o coração fiel, Senhor,
A Vós, por nosso amor crucificado.

Escudo em Vossas chagas tenho achado
Contra a ira divina e seu rigor;
Segura estou em Vós de que o temor
Em esperança e paz será mudado.

Em Vossa última noite suplicastes:
"Une, ó Pai, lá nos céus, quem em mim crê".
Foi por nós Vossa prece derradeira.

Sem medo, pois, e (glória a Vós) com fé
Minh' alma louva o zelo em que abrasastes
Com Vossa vida, minha culpa inteira.


Nota: Se você conhece algum poema (de temática cristã) de autor estrangeiro (traduzido, é claro), envie para cá. Se for possível, envie o nome do tradutor e também a referência bibliográfica (o lugar – site, livro, jornal, revista, etc. – onde você encontrou o texto).
Colabore na confecção de mais um e-book gratuito!

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